O Centro Histórico de Salvador foi palco de encerramento da primeira edição do Recôncavo Afro Festival. Entre os dias 12 e 15 de dezembro, o RAF levou um apanhado de artistas e fazedores de cultura oriundos do Recôncavo Baiano para a Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho, como ato final de celebração e valorização da extensa produção artística e cultural desenvolvida no território. A programação contou com atividades gratuitas, como exposições de artes visuais, mostras de cinema e apresentações musicais.
Dividido em etapas, o Festival estreou no dia 20 de novembro, em Cachoeira, e passou por São Félix, Maragogipe e Santo Amaro até chegar à capital baiana. Esta última recebeu um compilado do que foi apresentado nas cidades anteriores, tendo abertura na quinta-feira (12) com exposição de artes visuais de Matheus Freitas, Ludimila Santana e Camille Moreira e exibições de curtas-metragens de Ianca Oliveira, Juh Almeida, Juliana Segóvia e Viviane Ferreira.
Os shows dominaram as três últimas noites do RAF, com apresentações na sexta-feira (13) de Os Skanibais, Nelma Marks, Nathan Gomess, que fez um tributo ao seu pai, Tintim Gomes, e os Mestres do Reggae Recôncavo, uma das atrações mais aguardadas do evento. Liderado por Sine Calmon, Nengo Vieira e Marco Oliveira, o grupo foi recebido por uma multidão na Pedro Archanjo e vibrou com a conquista do título em 2023, que perpetua os seus legados no Reggae Music - ao lado de Edson Gomes e Tintim - como ícones de um dos gêneros musicais mais populares do Recôncavo.
"Muito honrado de participar deste Festival ao lado dos meus companheiros e amigos do então grupo Remanescente, que agora nos tornamos Mestres da Cultura do Reggae do Recôncavo, reconhecimento esse dado pela Câmara dos Vereadores de Cachoeira. O RAF veio para incentivar a cultura do Recôncavo que é muito forte e muito rica. A praça ficou pequena pelo contingente de pessoas que foram nos assistir. O público está sedento e faminto por esse legado, por esse sonho que produzimos há 30 anos, mas que permanece vivo dentro dos nossos corações, dentro da veia cultural desse lugar tão maravilhoso que é o Recôncavo da Bahia", comemorou Nengo.
No sábado (14), foi a vez do samba e da música instrumental do Recôncavo brilhar no Pelourinho. Subiram ao palco as bandas Gêge Nagô, Fábio do Trombone, Orquestra Jovem do Recôncavo, Samba do Lu e Samba de Roda de Dona Dalva, da célebre sambadeira cachoeirana Dalva Damiana de Freitas, de 97 anos. O grupo foi representado por sua filha, a cantora e compositora Mestra Ana, e sua neta, Any Manuela. "O samba foi uma forma que minha avó encontrou de driblar as dificuldades, e hoje é a nossa história", disse Any.
No domingo (15), agitaram o público o grupo de dança EX13, Waha Macy, MC Jaynne e o Sexteto da Orquestra Reggae.
BALANÇO OFICIAL DO EVENTO
Durante um mês, o Recôncavo Afro Festival abrangeu cinco municípios baianos e oportunizou, de forma direta e indireta, cerca de 300 profissionais e artistas. O evento multilinguagem totalizou mais de 40 horas de música, dança e performance, 18 horas de cinema, dezenas de comerciantes e artesãos na Feira Empreendedora e uma soma de público na casa dos milhares, movimentando uma receita de mais de R$1,5 milhão.
"Entre público, artistas, produtores culturais e outros profissionais, o RAF atingiu milhares de pessoas do Recôncavo, Salvador e Região Metropolitana. Sem contar que, nesta primeira edição, conseguimos inserir nosso festival no radar de eventos culturais da Bahia e firmar uma presença nos meios digitais. Sem dúvidas, demos passos importantes em direção à continuidade do evento. Que venha a segunda edição!", destacou Luciana Brasil, coordenadora-geral do evento.
Sucesso midiático, as redes sociais do Festival tiveram grande presença e interação dos internautas, com mais de um milhão de visualizações nos últimos 30 dias. Promover uma experiência acessível foi uma das prioridades. Os espaços oficiais do evento contaram com recursos de audiodescrição; interpretação em libras e braille; presença de profissionais de libras e audiodescrição para auxiliar pessoas com deficiência.
"Para além de um festival, o RAF também vem se constituindo como uma plataforma de potencial alcance para propagar a cultura e os modos de produzir cultura do Recôncavo. Nossas redes sociais foram uma ferramenta muito importante neste sentido, porque além de divulgar as nossas ações, apresentamos um pedacinho da riqueza cultural do nosso território e do povo que aqui vive, imagina e realiza sonhos criativos", disse Jamile Novaes, coordenadora de comunicação do RAF.
O Recôncavo Afro Festival foi uma idealização da Odé Produções e Ayabá Produtora Criativa e Audiovisual, com patrocínio da Nubank, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução. O projeto recebeu o apoio das Prefeituras Municipais de Cachoeira, São Félix, Maragogipe, Santo Amaro e Salvador, além do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura e Superintendência de Fomento ao Turismo.